Notícias Empresariais
Valor das ações no mundo caiu 37% em agosto
Fonte: Valor Econômico
Stacy-Marie Ishmael
O volume de negociação de ações e derivativos nos mercados mundiais caiu de forma acentuada em agosto, afetado pela redução das operações de fundos hedge e bancos de investimento. O declínio aumenta os receios de que a menor liquidez no mercado possa estar exacerbando as oscilações de preço. O valor das ações negociadas em bolsas mundiais no mês passado caiu 37% em relação ao mesmo período de 2007, enquanto o volume negociado de contratos de derivativos recuou 21%, de acordo com pesquisa do Citigroup.
"Definitivamente, vimos um declínio no volume de ações e derivativos e o motivo disso é tríplice", afirmou o analista Mamoun Tazi, da MF Global e especialista em bolsas. "Os grandes participantes não estão tão ativos, o apetite por risco diminuiu e o ano passado foi simplesmente excepcional."
No terceiro trimestre passado, durante a primeira onda de deslocamentos no sistema financeiro global, as negociações dispararam com os investidores confusos para posicionar-se de forma a lidar com o que era, então, uma leve crise das hipotecas de baixa qualidade.
Agosto de 2007 teve o segundo maior volume mensal de ações negociadas na história, com US$ 9,3 trilhões, e o maior de derivativos, com 1,27 bilhão de contratos trocando de mãos, segundo dados do Citigroup. Agora, com 12 meses de crise, a situação é bem diferente. Os bancos de investimentos reduziram as operações de negociação de recursos próprios e os fundos de hedge não gozam mais de acesso fácil a crédito. "Os fundos de hedge negociam menos porque não conseguem alavancagem, já que os bancos de investimento estão com falta de capital para emprestar-lhes", afirmou o analista Daniel Garrod, do Citigroup. Os receios de que os investidores começarão a pedir o dinheiro de volta também estimulam alguns fundos hedge a conservar seu dinheiro.
Analistas dizem que a relativa ausência de grandes participantes no mercado aprofunda as oscilações de preços.
"Mercados magros exageram as variações de preço e isso vale tanto para ações quanto para derivativos", observou um analista de um banco de investimento dos Estados Unidos.
O volume de ações negociadas mundialmente encolheu para US$ 5,8 trilhões em agosto, menor patamar mensal desde dezembro de 2006, segundo o Citi. A retração na negociação de ações atingiu a Ásia com mais força, especialmente Xangai. O volume na bolsa local diminuiu 78% em comparação ao mesmo mês de 2007. O valor das ações negociadas na América recuou no mês passado pela primeira vez desde que o Citigroup começou a pesquisar os dados em janeiro de 2003. O declínio no continente foi de 29%.