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Preços dos alimentos devem permanecer estáveis até o final do ano

Fonte: InfoMoney
A inflação para as famílias de baixa renda, medida pelo IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor-C1), apresentou variação negativa em setembro, influenciada principalmente pelo grupo dos alimentos, maior peso no orçamento destas famílias. Embora a projeção para os próximos meses seja de pequenos aumentos na taxa de variação da inflação do grupo, essas famílias não devem ter problemas para equilibrar seu orçamento até o final do ano. Segundo o economista e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) André Braz, a atual movimentação da economia não deixa claro que haverá grandes aumentos de preços para os alimentos nos próximos meses. "O principal problema que temos observado é a variação do câmbio, mas isso não afeta tão rapidamente os preços dos alimentos", declara. Resultados O índice de inflação para as famílias de baixa renda (entre 1 e 2,5 salários mínimos) apresentou variação negativa, de -0,57%, em setembro, influenciada principalmente pelo grupo dos alimentos, maior peso no orçamento destas famílias. Esta foi a menor taxa desde agosto de 2005, quando o índice registrou queda de 0,74%. A principal contribuição para a ampliação da queda da taxa do IPC-C1 veio do grupo alimentação, que passou de -1,35% em agosto para -1,65% em setembro. Contenção do aumento Braz explica que, mesmo com a preocupação trazida pelo aumento do câmbio médio, os produtos influenciados por esta variável, e que serão consumidos até o Natal, já foram negociados previamente, a uma taxa de câmbio mais baixa. "Além disso, a maioria dos itens que compõem a alimentação das famílias não faz parte da pauta de importações, o que diminui ainda mais o efeito da valorização do dólar sobre os preços". A política de aumento dos juros praticada pelo Banco Central é outro fator que deve segurar aumentos nos preços dos produtos alimentícios. "Os aumentos promovidos pelo Banco Central no primeiro semestre devem começar a ser colhidos agora, no final do ano", estima Braz. Devolução esgotada A atual queda de preços, observada tanto na medição do IPC-C1 quanto nos resultados do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) significam, de acordo com o economista, uma devolução dos aumentos ocorridos no primeiro semestre, "mais por uma questão de queda na oferta do que de aumento na demanda", diz. Entretanto, a devolução já se esgotou, e o movimento esperado para as próximas semanas é o de ligeiros aumentos nas taxas de variação. Esta tendência já foi observada nos resultados do IPC-S divulgados nesta quarta-feira (8), em que a variação do grupo alimentos passou de -0,97% para -0,23%. Imunes à crise Na mesma direção da opinião do economista da FGV está a do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, para quem a crise internacional e o aumento nas commodities não causarão aumento nos alimentos. Segundo a Agência Brasil, para o ministro, a crise, por enquanto, está desvinculada do preço. "Não acredito que haja uma reação a curto prazo de aumento em função da crise", declarou na quarta-feira (8) ao participar de audiência pública no Senado sobre zoneamento agrícola. De acordo com Stephanes, as commodities agrícolas devem ser as últimas atingidas pela crise. "As pessoas vão continuar comendo", garantiu o ministro. Para ele, deve haver restrição em outros gastos, mas a atual demanda de alimentos vai se manter. Futuro incerto O ministro acrescentou, ainda, que não se pode fazer projeções sobre aumento de preços com o mercado "altamente nervoso". Falando sobre a variação do câmbio, o ministro acredita não haver "nenhuma razão lógica para que o dólar se mantenha nesse patamar. É possível que, depois de passar o nervosismo, o dólar tenha outro patamar. É difícil raciocinar em cima disso", afirmou. Stephanes acrescentou que, quanto ao plantio, a situação está assegurada no curto prazo. Contudo, a situação da crise internacional durante a colheita, daqui há seis meses, será avaliada posteriormente. "Qual será a situação daqui a cinco, seis meses, ninguém consegue prever. Teremos de ver quais mecanismos adotaremos. O plantio está praticamente assegurado. Outro ponto é a questão futura", concluiu.