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A inadimplência dará um salto em março
O economista José Roberto Mendonça de Barros está preocupado com a situação das empresas de médio porte e com a alta da inadimplência.
ENTREVISTA - José Roberto M. de Barros: economista
O economista José Roberto Mendonça de Barros está preocupado com a situação das empresas de médio porte e com a alta da inadimplência. Segundo ele, alguns dados do segundo semestre de 2008 indicam que o calote vai aumentar nos próximos meses. “Voltaremos ao padrão de antes (da fase de crescimento mais acelerado da economia)”, afirma.
Quais as perspectivas para a inadimplência no País?
Tipicamente, a inadimplência cai em dezembro por causa do 13.º salário. Quando o País passou a crescer mais rápido, a renda dos trabalhadores cresceu o suficiente para não só reduzir o atraso, mas para que houvesse diminuição líquida do estoque de dívida. Ou seja, as pessoas pagavam as dívidas e se liberavam. Em dezembro, não ocorreu. Retornamos ao padrão de antes (dessa fase de crescimento).
O que isso indica?
Aumento da inadimplência. Provavelmente voltaremos à sazonalidade mais normal. Em março, a inadimplência dará um salto maior.
E as empresas?
Temos chance de estar entrando numa fase de insolvência crescente de empresas de médio porte, com faturamento até R$ 200 milhões. Alguns indicadores já mostram isso. Não se trata apenas de empresas muito endividadas. Se deve ao aperto do crédito e ao acúmulo de estoques. Se o crédito começa a parar, o gestor tem de diminuir o tamanho da empresa. Mesmo com o corte de um ponto porcentual da taxa básica (promovido pelo Banco Central quarta-feira passada), o País ainda tem juro real. Conversei com alguns bancos e um me disse que, no ano passado, o normal era um pedido de recuperação judicial por semana. Neste início de 2009, em duas semanas e meia, já contou sete.